A FINALIDADE FILOSÓFICA DO MOSQUITO DA DENGUE

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Estamos vivendo uma época de alta tecnologia, nos comunicamos com o mundo inteiro em segundos, nunca a palavra globalização teve sentido tão claro e verdadeiro. A última moda atravessa os oceanos e chega ao terceiro mundo num piscar de olhos.

 

A medicina a cada dia descobre novas técnicas de combate aos males que nos afligem, os laboratórios examinam com maior acuidade, os chineses constroem arranha-céus em semanas, os aviões cortam os céus e já desafiam a estratosfera com passeios turísticos.

 

Não é mais novidade abrir enormes túneis por baixo de cidades e prédios, os celulares medem terra, guiam pessoas, agendam, cantam, escrevem, falam e até escutam, as safras de alimentos batem recordes, a biologia desafia a ética, as bombas matam com precisão milimétrica e os espiões são pequenos aviões teleguiados que invadem o território inimigo na calada da noite e do dia.

 

Alguns homens prometem viver duzentos anos ou mais, alguns estudiosos dizem que estamos perto de obter uma vida longa e saudável, poderemos em breve trocar nossos órgãos com a ajuda da famosa célula-tronco, a nanotecnologia poderá auxiliar em exames e tratamentos de doenças com exatidão ímpar e o céu parece ser o limite para esta ciência do minúsculo, tema que já foi tratado em romance de Michael Crichton, com o título de Presa, que também escreveu Parque dos Dinossauros, entre outros interessantes títulos.

 

Assim, nunca o homem se sentiu tão seguro em viver, estar vivo e se manter vivo. Não dizemos mais, 'vida longa ao rei', mas,  vida longa a nós mesmos que somos portadores da verdade, da técnica e da prática do bem viver.

 

Deitamos tranquilos em nossa cama, com nosso colchão último tipo, com nosso travesseiro de tecnologia Nasa, e de repente, não mais que de repente, como dizia o poeta,  escutamos um pequeno zumbido no ouvido e lá está ele para avacalhar com toda esta conversa científica-tecnológica, o nosso cavaleiro do mal, o mosquito da Dengue.

 

Se olharmos de perto este mascarado Zorro ao avesso, o mosquito é de uma fragilidade de dar dó. Ele é pequenino, com duas asinhas ridículas, um corpinho listrado que com um tapa de garoto se esborracha, mas não há tecnologia que salve uma vítima deste infernal inseto. Se picado, o sujeito fica a mercê do desenvolvimento da doença, a medicina cuida, mas não cura, e não há vacina preventiva neste maravilhoso planeta azul do século XXI d.C. com sua tecnologia de ponta que evite este mal.

 

Desta feita, nos resta meditar sobre a brevidade da vida,  coisa que Sêneca fez com maestria, duvidar das promessas de vida longa, ter consciência de que a nossa vida continua passageira e como já disse Buda, 'não construa sua casa sobre a ponte'.

 

Ah, e antes que se esqueça, é bom comprar um bom mata-moscas que como todos sabem é vendido nas melhores casas do ramo.






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