A FUGA

Anterior
afugap

Frequentei quando morávamos em São João da Boa Vista, a Escola Estadual Coronel Joaquim José. Bons tempos. Cursei do primeiro ao terceiro ano do grupo escolar, entre 7 a 9 anos de idade. Na escola, durante a aula, nossa professora tinha o costume de passar um cubo de madeira que ia de carteira em carteira (um colega passava ao outro), e quando na posse do mesmo o aluno poderia ir ao banheiro. Nem todos iam, apenas quando havia necessidade e na verdade eu mesmo nunca fazia uso deste recurso.

Um belo dia durante a aula, chegou até nossos ouvidos que haveria vacinação na escola, o que era muito comum naquela época. O alvoroço foi geral. E para piorar a situação, um passarinho diz: “vai ser uma injeção na língua.” Pânico! Então fiz uma rápida reflexão naquele momento de desespero,  “na língua deve doer pra caramba, preciso escapar desta.” Assim, eu que não era acostumado a bolar planos de fuga, muito menos em situação de extremo estresse, (a vacinação ia de sala em sala), aproveitando a deixa do cubo que milagrosamente chegou em minha carteira, saí, não digo tranquilamente, mas com passos até que calmos para a situação que me afligia, por uma das portas da escola que não ficavam trancadas e disparei para minha casa, a umas quatro quadras dali. Na pressa não pensei em tudo, havia um furo no plano de fuga. Chegando em casa minha mãe perguntou o motivo da aula ter acabado mais cedo. A casa caiu! Mas como na época eu sofria de uma bronquite regular, usei rápido esta desculpa. Não foi a melhor porque minha pasta havia ficado na escola. ( Fazer o quê? Não poderia ter ido ao banheiro com a pasta!). Meu pai foi pegá-la e descobriu o motivo de tudo. Não houve sermões nem nada e fiz tudo isso fugindo do hoje conhecido Zé Gotinha.



© 2012 - Folha da Jabuticaba - Todos os direitos reservados - © Mac 2012