O papa Bento 16 anunciou que deixará o comando da Igreja Católica no dia 28 de fevereiro.
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Não há nenhum precedente de renúncia de um papa na era moderna.
Entre os papas que renunciaram voluntariamente ressalta o nome de Celestino 5º, ele porém não foi o único. Antes de Celestino já haviam renunciado Clemente 1º em 97, Ponziano, em 235, Bento 9º em 1045 e, posteriormente, Gregório 12, em 1415.
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Bento 16 assumiu o papado em abril de 2005, após a morte de João Paulo 2º. Aos 78 anos, o cardeal Joseph Ratzinger foi o pontífice eleito com a idade mais avançada.
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O primeiro-ministro italiano Mario Monti disse ao site do jornal La Stampa que a notícia o deixou "tremendo pelo inesperado."
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O anúncio da renúncia do papa Bento 16 deu início à grande especulação sobre os nomes de possíveis sucessores. Nas casas de apostas de Londres, o favoritismo, no momento, recai sobre o cardeal Peter Turkson, de Gana, cotado a 9/4.
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Como o Papa Bento XVI já vinha apresentando problemas de saúde desde o ano passado, analistas começaram a especular sobre seus possíveis sucessores mesmo antes do anúncio da renúncia.
Após consultar analistas e fontes próximas ao pontífice, o jornalista especialista em assuntos do Vaticano John Allen Jr chegou a uma lista de dez possíveis sucessores de Bento XVI que inclui um brasileiro: o Cardeal Dom Odilo Petro Sherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.
Segundo Allen, Dom Odilo seria o candidato mais forte da América Latina, onde vivem metade dos 1,2 bilhões de católicos.
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Em abril de 2005, logo após a confirmação do cardeal Joseph Ratzinger como novo papa, o teólogo brasileiro Leonardo Boff anunciava que tinha recebido a notícia com “perplexidade”.
“Recebi com perplexidade e surpresa porque uma Igreja conservadora chamou o guardião do conservadorismo para o papado”, afirmou Boff. “Como cristão, a gente acolhe, a gente respeita, mas ficamos cheios de preocupações pela imagem da Igreja no mundo.”
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O primeiro-ministro britânico, David Cameron disse que o papa Bento 16 trabalhou de modo incansável para reforçar os laços da Grã-Bretanha com a Igreja Católica.
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Cinco cardeais brasileiros deverão participar do conclave que vai eleger o sucessor do papa Bento 16.
Segundo a última lista do Vaticano, atualizada há duas semanas, há um total de 119 cardeais aptos a votar no conclave. Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos.
O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio de Cardeais do Vaticano, mas cinco deles já ultrapassaram a idade limite.
Os cardeais brasileiros que poderão votar são: o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, com 63 anos; dom Cláudio Hummes, ex-arcebispo de São Paulo e atual prefeito emérito da Congregação para o Clero; dom Geraldo Majella Agnelo, de 79, arcebispo emérito de Salvador; dom Raymundo Damasceno Assis, de 76, arcebispo de Aparecida, e dom João Braz de Aviz, de 64, arcebispo de Brasília.
Dom Eusébio Scheid, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, está fora do conclave por ter completado 80 anos em dezembro. Também já ultrapassaram a idade limite os cardeais dom Paulo Evaristo Arns, de 91 anos, ex-arcebispo de São Paulo, dom Serafim Fernandes de Araújo, de 88, ex-arcebispo emérito de Belo Horizonte, e dom José Freire Falcão, de 87, ex-arcebispo de Brasília.
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O diácono do Conclave de Cardeais, Angelo Sodano, disse ao site do jornal Corriere Della Será que o anúncio feito por Bento 16 foi "um raio que caiu do nada.".
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Segundo o Vaticano, a decisão de Bento 16 de renunciar ao papado foi tomada por motivos de saúde e nada mais. Mas a Igreja Católica tem sido abalada recentemente por revelações de abuso que levaram o papa a lamentar o que classificou de "crimes indescritíveis".
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Marek Zajac, jornalista polonês:
"Acredito que esta decisão vai colocar uma grande pressão sobre seus sucessores. Daqui para a frente qualquer problema de saúde vai causar uma avalanche de especulações e um aumento enorme da pressão. Esta é a razão pela qual os papas têm evitado renunciar."
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Naual Li:
"Bento 16 sabia de abusos sexuais por sacerdotes no México e não fez nada."
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O arcebispo de Nova York, cardeal Timothy Dolan, foi uma das renomadas figuras da Igreja Católica que manifestaram surpresa com a renúncia do papa.
"Não estou brincando, eu fiquei muito assustado e não sei o que dizer", afirmou o arcebispo, em Nova York. "Eu mesmo estou esperando por informações, por instruções, sobre o que vamos fazer agora como parte do Colégio de Cardeais."
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O cardeal austríaco Christoph Schoenborn, cotado como um possível sucessor do papa, disse que ficou muito comovido e surpreso com a renúncia de Bento 16.
Schoenborn afirmou à imprensa austríaca que o papa parecia mentalmente saudável e disposto quando eles se encontraram na última quinta-feira.
Questionado sobre a possibilidade de se tornar pontífice, o cardeal austríaco se recusou a falar sobre o assunto. "Meu coração está em Viena, e na Áustria, mas naturalmente está também com toda a Igreja."
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O mais antigo grupo de defesa dos direitos de gays do mundo afirmou esperar que o sucessor do papa Bento 16 seja mais compreensivo com os homossexuais.
De acordo com a agência de notícias AFP, um porta-voz do grupo COC, com sede em Amsterdã, disse que "não ficou triste" com a renúncia do papa.
"Tudo o que esperamos é que o novo papa seja um pouco mais gentil com a comunidade LGBT na Igreja, e também no mundo em geral", acrescentou o porta-voz.
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Nos Estados Unidos, David Lorenz, do grupo Survivors Network, que reúne vítimas de abusos cometidos por padres, elogiou a renúncia do papa Bento 16.
Lorenz disse à BBC que o pontífice "não agiu de acordo com sua mensagem de tolerância zero" com as acusações de abuso sexual de crianças dentro da Igreja Católica.
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A renúncia de um Papa está prevista desde 1294 no Código Canônico.
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CURIOSIDADES DA VIDA DE BENTO 16
Bento 16 deve se tornar o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos, mas há outros aspectos marcantes em sua trajetória. Abaixo, a BBC reuniu 10 curiosidades sobre a vida e carreira do pontífice.
Nacionalidade:
Joseph Ratzinger, que assumiu o nome de Bento 16 no pontificado, foi o primeiro alemão a ser nomeado papa desde o século 11. Nascido na Bavária, em 1927, ele chegou a ser inscrito como membro da Juventude Hitlerista - segundo ele, contra sua vontade - o que foi relembrado por seus críticos no período que antecedeu sua nomeação, em 2005.
Idade:
Assumindo o cargo com 78 anos de idade, Ratzinger foi também o papa mais velho a ser eleito desde o século 18, quando Clemente 12 tornou-se papa, em 1730, sendo três meses mais velho que Bento 16.
Na época em que foi eleito, ele era um teólogo respeitado e braço direito de João Paulo 2º.
Escolha:
O processo de eleição de Ratzinger demorou apenas 24 horas, um dos mais rápidos do século.
No total, foram feitas quatro rodadas de votações até que se chegasse a decisão final.
Em 1939, porém, o Papa Pio 12 foi eleito em um único dia, após apenas três rodadas de votação.
Nome:
O nome "Bento" escolhido por Ratzinger, um indicativo da marca que ele esperava deixar em seu pontificado, até então só havia sido adotado por italianos e um francês.
Antes dele, o último "Bento" foi o italiano Giacomo della Chiesa, que ocupou o posto máximo da Igreja Católica entre 1914 e 1922 e chegou a apresentar um plano para tentar pôr um fim à Primeira Guerra Mundial (que não foi adiante).
Corrente:
Considerado um conservador, Ratzinger assumiu em 1981 o comando da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), órgão que descende da Suprema e Sacra Congregação da Inquisição Universal, fundada pelo papa Paulo 3º em 1.542, com o objetivo de defender a Igreja da heresia.
Foi nesse cargo, o de monitorar e zelar pela preservação das tradições católicas e dos valores da Igreja, que Ratzinger liderou os esforços para silenciar os principais defensores da Teologia da Libertação - movimento progressista surgido na América Latina. Em diversas ocasiões, ele se manifestou contra métodos anticoncepcionais, o aborto e o casamento gay.
Fonte BBC Brasil
