FELIZ NATAL 2015

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MAIS UM CONTO DE NATAL - Agora aos oitenta anos resolveu acreditar novamente em Papai Noel. Viúvo, morando sozinho, pegou uma folha de papel e escreveu sua cartinha. O mais difícil  foi convencer a si mesmo de que havia sido um bom menino, no caso, um bom velhinho. Mas colocou seus argumentos para o Papai Noel, ele haveria de compreender que não é fácil suportar uma artrose sem reclamar. Também as dores ao fazer xixi e um pequeno rumor balbuciando um nome feio era desculpável. Tinha suas fragilidades, mas era gentil. Enfim contou tudo. Papai Noel compreenderia, afinal ele também era velho. No final da carta colocou seu desejo, seu presente em letras de imprensa, um pouco maiores e grifadas. Papai Noel usava óculos, deveria ter dificuldade com as letras miúdas e sua letra seguia o ritmo de sua mão trêmula. Colou e selou a carta enviando ao destino certo. Agora era esperar o Natal, nada mais restava fazer.

No dia 24 estava ansioso, tomou seus remédios e lá pelas nove horas da noite se deitou. Cobriu-se com uma manta leve, estava quente, mas sua circulação não era boa, sentia um pouco de frio. Adormeceu.

Ao ouvir os sinos característicos do trenó e das renas acordou. Sentou-se na cama, ouviu um barulho na sala, lugar que armara sua árvore de natal. Pensou consigo mesmo que o velhinho atrapalhado deveria ter tropeçado em algum chinelo largado num canto. Foi a passos curtos, devagar, espiando no escuro e lá estava ele com sua barriga enorme, uma bela barba muito branca, sua roupa vermelha e um saco no chão. Papai Noel. O bom velhinho lhe chamou acenando com a mão. Ele foi em sua direção. Houve um abraço apertado e demorado entre os dois. Depois com a ajuda do Noel, vagarosamente (maldita artrose), subiu no trenó e ajeitou-se ao banco. Era macio coberto de boa lã. E foi só o que se viu naquela noite de natal. 






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