1984

images-3

George Orwell escreveu 1984, seu último romance que foi publicado pouco antes de sua morte em 1949, narrando uma história onde o herói Winston vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão.

 

A importância da educação em uma sociedade é que ela liberta o ser humano da ignorância. A manipulação de um povo por um Estado mal-intencionado é sempre mais fácil quando este povo é ignorante de vários conhecimentos básicos como também dos mais complexos. Assim, conforme a história da humanidade se desenvolve, os conhecimentos vão se disseminando entre os povos, as descobertas científicas, o mundo começa a não ser tão distante, há explicações para fenômenos simples como um eclipse que em outros tempos causava medo e terror e o cidadão agora mais culto cobra do Estado uma postura mais justa.

 

O desmando dos Reis e do Papas é contestado, a Revolução Francesa grita, igualdade, liberdade e fraternidade, a declaração dos direitos humanos delineia os direitos básicos da pessoa, e claramente se percebe que o povo não mais quer ser dirigido, mas trilhar seu caminho com liberdade de escolha e que o Estado que o representa, o respeite. Todo esse crescimento é causado pelo pensamento, por escolas filosóficas como o iluminismo entre outras e o ser humano começa a perder (ou ganhar) seu tempo pensando, tirando conclusões, fazendo experiências, indagando o universo, as estrelas, os astros, olhando por uma luneta cada vez mais precisa. O micro e o macro começam a ser desvendados.

 

Seguindo este caminho parece não haver outra alternativa senão a sociedade ser a cada dia mais livre, mais capaz de a si própria comandar, cada vez mais independente do Estado, este servindo apenas para regulamentar e agir em momentos de extrema necessidade. Infelizmente não é o que se vê na atualidade.

 

A sociedade dá grandes passos nos conhecimentos científicos, intelectuais, industriais, entre outros setores da sociedade cada vez mais especializada, mas o Estado interfere a cada dia na vida do cidadão que permite esta intromissão de bom grado como se fosse um povo ignorante, atrasado, incapaz de cuidar de si mesmo. O Estado por sua vez, percebendo esta fragilidade, avança a cada dia a passos mais largos.

 

O Estado vigia as redes sociais, exemplo do recente caso americano em que um funcionário relata esta prática e tem que fugir do país sendo procurado pelo 'democrata' Obama como se fosse um perigoso assassino. Estes mesmos Estados Unidos no presente momento começam a fazer uso dos chamados drones, que nada mais são que aviões espiões de variados tamanhos, podendo chegar até ao tamanho de um inseto que passeia pelo quintal das casas e sabe-se lá mais onde. Também o uso de sensores térmicos é comum e podem vigiar uma residência e seus moradores, embora tenha encontrado resistência da Quarta Emenda da Constituição Americana devendo ser o seu uso autorizado por um juiz. Sem falar nos radares, câmeras em cada esquina e outras maravilhas da tecnologia de ponta que fazem parte do arsenal de espionagem do Estado moderno.

 

Assim a tão sonhada liberdade é a cada dia surrupiada do cidadão moderno que pelo estágio de conhecimento e avanço intelectual deveria exigir seu pleno exercício, mas ao contrário do esperado, troca sua liberdade por uma promessa estatal de segurança e na verdade vive sem as duas. Sem segurança e sem liberdade.

 

George Orwell sacou bem a situação e seu livro acaba sendo profético, a cada dia mais se realiza e no andar da carruagem, não falta muito para nos depararmos com o Grande Irmão instalado confortavelmente em nossa sala.

 






© 2012 - Folha da Jabuticaba - Todos os direitos reservados - © Mac 2012