A BELEZA QUE INCOMODA
Nina Siahkali Moradi de 27 anos do Teerã, candidata em Qazvin (norte), foi impedida de assumir a prefeitura por ser muito bonita, "não queremos uma modelo desfilando na prefeitura", disse um clérigo local. "Seus votos foram anulados por [causa de] suas credenciais", disse Reza Hossaini, do comitê local de monitoramento de eleições.
Enquanto isso na Indonésia, "os altos cargos públicos da província indonésia de Gorontalo não vão poder contratar mulheres jovens ou atraentes como secretárias para evitar o adultério no ambiente de trabalho, de acordo com uma legislação aprovada recentemente pelas autoridades da província. O governador de Gorontalo, Rusli Habibie, declarou que a iniciativa pretende fazer com que os funcionários em cargos de direção se centrem em suas funções e assim diminua o grande número de infidelidades que acontecem durante o expediente."
Para engrossar a fila, uma notícia da cidade de São Paulo, "uma portaria restringe o uso de peças de roupas consideradas inadequadas no Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo. Agora, mulheres usando saias que cubram menos de dois terços das coxas serão proibidas de entrar na unidade." No meio das proibições somam-se ainda as blusas transparentes, sem alças, com decote grande ou que deixem a barriga em evidência.
Com todo respeito que tenho pela opinião contrária que apoia a medida, como também pelo Meritíssimo autor da proibição, não vejo onde poderá um decote grande atrapalhar que se faça justiça, a não ser que nossos doutos julgadores se percam em meio a um decote e outro, deixando as provas de lado por prestarem atenção mais na barriga em evidência e menos no depoimento do réu e testemunhas.
Fico a pensar por que a beleza feminina incomoda certos homens ou setores da sociedade a ponto de serem censuradas com a máxima da proibição. Quando o fator proibitivo é religioso, até entende-se, já que as religiões se estendem e se ramificam em complexas redes proibitivas sem fim, e religião é opção (infelizmente não para todos, fazer o que?), mas a relação com o poder público, não entendo.
Então, dois monges estavam caminhando em uma longa estrada e eram proibidos por sua ordem monástica de terem qualquer contato físico com mulheres. Ao chegarem para atravessar um rio que ficava no meio do caminho, encontraram uma mulher que precisava atravessar mas não conseguia pela profundidade das águas. Um dos monges colocou a mulher em suas costas e atravessou o rio deixando-a na outra margem. Continuaram a caminhada quando um dos monges começou a censurar o outro por ter carregado a mulher e assim caminharam por muito tempo até que um dos monges perdendo a paciência, disse ao outro: Carreguei uma mulher durante dez minutos para ajudá-la a atravessar o rio e você a está carregando por uma hora em sua mente!
Talvez seja este o problema destes respeitáveis senhores censuradores de mulheres, carregam as damas em suas mentes por longo tempo…!