OS BICHOS DE ESTIMAÇÃO E AS CRIANÇAS - BENEFÍCIOS

Conviver com bichos de estimação não é só uma fonte de diversão para as crianças.

“Au, au, au. Hi-ho hi-ho. Miau, miau, miau. Cocorocó.” Começa assim, com uma sequência de onomatopeias, a letra de Bicharia, de Chico Buarque, no musical infantil Os saltimbancos. “O animal é tão bacana”, canta o compositor logo depois. Não é difícil imaginar uma frase com esse sentido sendo dita por crianças. Cães, gatos, passarinhos, peixes. Os pequenos, em geral, adoram bichos e querem pegá-los, brincar com eles e levá-los para casa. O convívio de meninos e meninas com os pets, segundo especialistas, não provoca apenas diversão e lazer. Alguns benefícios como desenvolvimento de um senso de responsabilidade maior e a possibilidade de prepará-los emocional e socialmente são outras das vantagens que a presença de animais pode trazer.

 

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Os benefícios da interação podem ser vários. Segundo a psicóloga Cristina Brisolara, entretanto, o principal seria o fato de que o afeto criado pela relação permite que a criança desenvolva aspectos emocionais e saiba também se portar melhor socialmente. “A maior contribuição está no convívio emocional e social da criança. Um animal doméstico atua sempre como uma importante ferramenta para os exercícios afetivos”, explica.

Além disso, o contato com os animais também traz maior resistência para o organismo infantil. Algumas alergias, por exemplo, podem ser combatidas por agentes de defesa que se desenvolvem devido ao convívio com os bichos. “O contato com os pets desde os primeiros meses de vida propicia uma série de experiências imunológicas, ajudando a criança a desenvolver capacidades de defesa contra agentes variados”, afirma a doutora em psicologia e médica-veterinária Ceres Faraco. Para garantir esses benefícios, no entanto, é preciso, segundo a especialista, que os animais vivam em boas condições físicas e de higiene.

 

Ceres Faraco explica que a escolha do animal depende das condições disponíveis para a criação. A família precisa ponderar a possibilidade que tem de abrigá-lo, pensar no espaço que ele ocupará, no tempo que será necessário para cuidar dele e analisar qual espécie se adequa melhor à rotina da casa. “Os fatores são a motivação familiar, o espaço, a disponibilidade de tempo, as características da vida familiar e a capacidade financeira de arcar com os custos.” Para a psicóloga Patricia Oguma, a afinidade da criança também é um fator que deve ser levado em conta. “Tudo vai depender do espaço e do interesse que a criança terá pelo bichinho. É válido perguntar para ela que animal gosta mais e qual gostaria ter. Assim, o vínculo é mais fácil.”

 

A presença dos animais pode ser um estímulo para o desenvolvimento dos pequenos. De acordo com Oguma, pesquisas mostram que as crianças com mais estímulos, sejam quais forem, se desenvolvem melhor cognitivamente. Por isso, a especialista explica que os animais são uma das maneiras de estimular e que não se pode dizer que crianças que não tenham convívio com eles poderão ter menos desenvolvimento. “O animal é uma ferramenta a mais, sendo um estímulo entre tantos outros que a criança possui.”

 

  Aos 3 anos, Maria Eduarda, hoje com 10, ganhou o primeiro cachorro, um poodle. O pai, Kelson David, pedagogo de 35 anos, conta que esse foi o ponto inicial de uma paixão que a filha passou a ter pelos cães. A relação da menina com os animais de estimação se tornou tão forte que, hoje, ela pesquisa se há bichos que precisam de adoção e, sempre que encontra algum, vai logo pedir aos pais que o adotem. “Desde o primeiro cão, o afeto se estendeu e a fez se interessar por adoção”, conta Kelson. Como não é possível ter todos os cães que gostaria, Maria Eduarda se contenta em cuidar e dar afeto em casa a Troy, um cachorrinho da raça pug. O pai diz que a experiência possibilitou à filha ter uma relação emocional com os animais que se refletirá no futuro e no convívio com as pessoas. “Ela se abriu para a experiência, que, acredito, será levada para além dos animais”, afirma.


O pedagogo considera que o amadurecimento e a responsabilidade foram os principais benefícios que o convívio com os cães deram à filha. “Ela cuida deles como se fosse a mãe. É um amadurecimento muito grande, é como se aumentasse a noção de responsabilidade que ela tem.” O cuidado com o pequeno animal também aproxima a família, segundo Kelson. “Todo mundo se une para cuidar. Além disso, ela desenvolve um carinho e um amor ao próximo.”

 

Em muitos casos, a criança enxerga o animal como companheiro, amigo e até cúmplice de aventuras e descobertas. Segundo Patricia Oguma, por causa dessa proximidade, conceitos de sensibilidade, companheirismo e sociabilidade são desenvolvidos. “As crianças param de olhar apenas para si mesmas e precisam aprender a se importar com o outro”, explica.

 

O comerciante Wilkerson Souza, 40 anos, conta que, quando nasceu a filha Luiza, 4, atribulações fizeram com que a família precisasse doar o cachorro que tinha. No entanto, ficou a vontade de deixar a pequena se aproximar de animais. “Com o passar do tempo, achamos importante que ela tivesse algum bichinho”, conta Wilkerson, que é, por formação, filósofo e teólogo. Há cerca de seis meses, uma tia ofereceu um cão da raça yorkshire, o Dug, para a menina, e os pais encontraram a oportunidade ideal.

 

Para Wilkerson, o contato com os animais faz as crianças identificarem conceitos da vida que serão importantes mais tarde. O comerciante acredita também que a presença dos bichos dá alegria à família. “Os animais têm facilidade de trazer alegria para a casa, principalmente para as crianças. Também, a relação com eles é sem a hipocrisia de muitas pessoas. Ou eles gostam ou não”, afirma. A satisfação que os animais demonstram com a chegada dos donos, por exemplo, é um ensinamento que Wilkerson espera que a filha possa aprender. “Não só as crianças, todos podemos aprender com os animais a ter mais alegria com a chegada do outro.”

 

“Os animais aceitam as pessoas como são, e isso permite uma interação muito rica. Bicho não tem preconceitos, é sincero. O diferencial nessa relação é que ela dispensa palavras e complicações”, afirma Patricia Oguma. Segundo a psicóloga, pode acontecer de o vínculo com um animal ser usado para substituir outras necessidades ou relações. No entanto, o problema, nesse caso, estaria mais relacionado à pessoa do que ao tipo de proximidade. “Trata-se de uma distorção que pode acontecer também em outras relações e atividades.”

 

Fonte: http://aumagic.blogspot.com.br/2014/09/cientistas-confirmam-que-animais-tem.html





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