A MENINA QUE OUVIA JAZZ

Anterior
images

Algum tempo em minha vida, alimentei a ideia separatista do Estado de São Paulo com o resto do país, até que fui a Porto Seguro, Bahia e depus minhas armas no momento em que conheci o primeiro baiano. Agora, na cidade de Goiânia, cidade planejada, bonita, muito arborizada, cheia de avenidas, percebi que fiz bem em deixar de lado a quixotesca revolução.

 

O Brasil é muito bonito, uma pena, porque não conheço quase nada dele e se fosse um país feio, pelo menos eu não teria perdido nada em não conhecê-lo por inteiro.

 

Pessoas boas e interessantes espalhadas por todo lado, aprendi com o autor, Leo Buscaglia que quando olhamos uma pessoa, a sua superficialidade não demonstra a grande riqueza que se encontra naquele ser e quando conversamos, vamos percebendo o universo único daquela pessoa até então para nós desconhecida e quanto aprendemos com ela!

 

Depois disto procuro sempre prestar mais atenção nas pessoas, puxar uma conversa, um papo e neste caminho ao Centro-Oeste, entre outros aprendizados, conversando com um caminhoneiro fiquei sabendo que seu caminhão tinha a força de 480 cavalos, 6 cilindros, força suficiente para puxar as 50 toneladas de açúcar que sua carreta estava carregada em direção ao porto de Santos (ele se preocupava com uma possível greve no porto), consumindo 2 litros diesel por quilômetro rodado, e ainda que seu tanque de combustível era dividido em dois, sendo um com capacidade para 300 litros e o outro de 600 litros. Nunca havia imaginado este consumo para este tipo de caminhão e 900 litros de combustível é tanque pra ninguém botar defeito! Assim, em quinze minutos, fiz um intensivão em caminhões de grande porte, saí do papo mais rico e acredito não ter empobrecido o meu, agora, conhecido caminhoneiro.

 

Na cidade de Goiânia há uma feira que abre aos domingos com 14 mil feirantes com produtos variados, roupas, sapatos e tudo aquilo que uma boa feira pode oferecer. Com o nome de Feira Hippie e acalentada pela boa rádio Hippie, faz a alegria de todos nós que curtimos estas praças populares de comércio. Andei por todo lado, claro que não deu para ver tudo, é muito grande, comprei um calção e um abrigo, recusei um sapatão, embora uma bela e jovem senhora dizia para seu marido sentado no banquinho experimentando o mesmo calçado que eu havia recusado com as românticas e exclamativas palavras, "como esta botina ficou bonita em você João!" Se eu fosse o João teria levado a botina na hora!

 

Mas, de tudo que vi e ouvi, o que mais me impressionou nesta viagem foi quando ao estacionar para entrar na supracitada feira, uma menina com seus vinte e poucos anos que organizava a entrada do estacionamento, com seu celular em cima de um banquinho, conversando com um e outro motorista, com muita educação, calmamente, ouvia um Jazz.




© 2012 - Folha da Jabuticaba - Todos os direitos reservados - © Mac 2012