Fumo Goianinho

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Por Zé Figueiredo
Estava passeando pelo Mercadão de Ribeirão Preto, costume velho que não perco e levo meus filhos junto, sempre, coisa boa pai tem que ensinar, gosto de andar pelos corredores apreciando as mercadorias, mesmo que eu não vá comprar, tem tudo que é bom, aprecio os sacos de estopa cheios de cereais como antigamente, carne seca, requeijão de cortar quase parecido com o da tia Aparecida, mas nunca igual, porque igual não há, queijo curado, farinha, farinha de mandioca, fubá, feijão bolinha, guando, rosinha e o que mais imaginar, amendoim cru em casca, (é só descacar ô preguiçoso!), toicinho e mais um monte de coisa que nem dá pra contar.

Parei numa banca que vende isqueiro, cigarro, fumo, cachimbo, pedra de isqueiro, fluido do barato e do bacana, pavio, chapéu panamá, de feltro, boné e até aparelho de barbear dos antigos que parece voltar, porque é bom e aprovado e ainda tem homem pra usar, e já terminando minha compra, dando o cartão para pagar (passa cartão no crédito sem reclamar!), um senhor do meu lado, caipira que reconheci só de olhar, magrinho, pele enrugada, cabelo branco, tímido, disse pro dono da banca, 'poderia por favor me cortar cinco reais do fumo goianinho'. Escutei e emendei pro rapaz que atendia, pedindo também um pedacinho pra experimentar o tal do goianinho, ao que o senhor me falou que cigarro de papel faz mal, melhor é o de palha que a gente fuma devagarinho.

E aqui estou eu, escrevendo e ao mesmo tempo soltando fumaça do goianinho que é bom de fato, fraquinho, e cigarro de palha como todos sabem é artesanal, feito com cuidado, em várias etapas, sendo que cada uma a prática é necessária, mas não impossível ao novato, senão o costume já seria extinto, pensando que a vida é mesmo como disse o poeta, a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Abraços aos fumantes e não fumantes e viva a liberdade de se fazer o que gosta e respeitar o gosto do outro.

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