Há muito tempo não havia uma manifestação marcante como na cidade de São Paulo em protesto ao aumento da tarifa do sistema de transporte coletivo urbano. A intervenção da polícia militar não foi feliz, houve violência de todos os lados, policiais feridos, manifestantes machucados, jornalistas lesionados..., mas a manifestação popular em si, criou um clima nostálgico há muito esquecido. A demonstração de um povo normalmente pacífico que suporta os maiores escândalos políticos de boca fechada, que como a gota d’água em um repente se revolta, e demonstra sua indignação com uma situação caótica como é o transporte coletivo em São Paulo e em quase todas as grandes cidades do Brasil.
O brasileiro normalmente pacífico, em sua nova geração já se esqueceu, ou tem em segundo plano em sua lembrança as manifestações contra o regime militar (possível somente aos mais velhos), a favor das diretas-já, o impeachment do presidente Color, entre outras. Claro que não queremos apoiar uma derrocada social, uma revolta nacional, uma guerra civil, mas estas pequenas demonstrações locais de descontentamento, embora muitas vezes exceda o aceitável, revelam aos políticos brasileiros que a paciência tem limite e que a paz é um acordo social entre o Povo e o Estado, e que as partes precisam zelar e cumprir o contratado.
A manifestação surtirá efeito? Acreditamos que não, pelo simples motivo, como fartamente demonstrado, de nossos políticos, seja na esfera federal, estadual ou municipal, não mais terem o povo em seu campo de visão após serem eleitos. Há exceções, claro, poucas, mas há. Promessas são facilmente esquecidas, clamores populares são ignorados, necessidades prementes são deixadas de lado, e assim não há necessidade de invocar Nostradamus para saber que as reinvindicações dos manifestantes serão esquecidas por completo.
