Estamos convivendo com um importante julgamento no STF, o famoso mensalão onde são acusados trinta e oito cidadãos, sendo que, dois deles, a acusação pediu absolvição. Os autos são formados por 50 mil páginas e foram ouvidas 500 testemunhas, por aí se percebe a complexidade do julgamento.
O Brasil pode se orgulhar da forma como a população e o Estado tem se comportado com este polêmico assunto, o julgamento transcorre com tranquilidade e a democracia parece cada vez mais consolidada no país. Parece fácil ser democrata, mas não é, a democracia exige um jogo de cintura muito grande, todos falam, é preciso decidir sem o uso da força tão comum nos ditadores e governos de exceção. Exceção porque a regra deveria ser a democracia que significa, governo do povo, sistema em que cada cidadão participa do governo. Significa respeito pelo cidadão, afinal de contas o governo é formado por pessoas que saíram do meio social comum para se dedicarem a organização do Estado, mudaram de status e representam a todos que deles esperam trabalho e honestidade.
Nem todos que se candidatam a um cargo político realmente têm consciência da importante empreitada que estarão aceitando se eleitos. A investidura de um político é para o meio social como a ordenação de um sacerdote para o meio religioso, o momento transforma o ser, de cidadão comum a cidadão mítico, onde sobre sua pessoa uma nova aura é formada e poderes especiais lhes são concedidos. A palavra proferida por um político, não é mais um simples dizer, a força lhe alcança e a construção ou a destruição do mundo social está na escolha dos dizeres, porque cada sílaba de cada palavra representa um dardo venenoso ou portador da cura dos males da sociedade.
A reflexão faz parte do guerreiro, que depois de investido em sua nova ordem, sagrado cavaleiro das mazelas sociais, não há como voltar, o caminho é único e é belo como a satisfação de um médico ao assistir a cura de seu paciente, como a alegria de um religioso ao ver o renascer da alma do fiel, o contento do psicólogo quando seu cliente se equilibra e caminha com passos seguros. Meditar para não atirar em vão seu bálsamo revigorador, meditar para escolher o caminho correto, a trilha da ética, da honestidade, da temperança, da moral. Caminhos difíceis, estrada pedregosa, árida, onde o caminhante há de lutar para continuar íntegro, com mãos calejadas, roupas sujas, pés feridos, mas a alma limpa, a consciência clara, o espírito feliz da satisfação do dever cumprido.
Esta é a missão de um político, alguns
deles não têm consciência, mas a maioria se candidata sabendo de seu mister e
todos nós cidadãos comuns que
temos o poder de fazer toda a mágica acontecer,
que temos o poder de liberar a dádiva da
investidura, que abrimos os portões da catedral para os escolhidos poderem receber a
envergadura de seus cargos, nós também nos sentimos importantes, fazemos parte do processo,
temos a capacidade e o poder da escolha. Então façamos a nossa
parte.
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