Politicamente Obediente

 Por Célio Figueiredo

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A busca pelo “politicamente correto” é um fenômeno interessante que tem acometido o brasileiro. A nova regra é passar a imagem de que somos o cidadão ideal, moldado de maneira a se adequar perfeitamente a uma civilização igualmente modelo. Nem o nosso bom humor característico, identidade do brasileiro dentro e fora do país saiu ileso, por vezes, deixamos de contar uma piada com medo de que quem possa estar ouvindo acabe, erroneamente é claro, pensando que talvez não sejamos tão politicamente corretos assim, e por alguma razão, isso é terrível.

O cidadão politicamente correto possui um repertório de designações especiais livres de preconceito para se referir a tudo e a todos, combate com unhas e dentes o tabagismo, pois ele próprio atingiu uma qualidade de vida invejável,  totalmente livre de vícios e agressões ao corpo, e agora precisa ensinar isso ao mundo, é pacifista e a favor do desarmamento civil, pois sabe que vive em uma sociedade livre de criminosos, pacífica, e pouco está sujeito a agressões por parte de outros cidadãos, e, mesmo que algo aconteça,  sabe que o Estado agirá pronta e eficientemente em seu socorro. Por vezes, parece se sentir tão confortável com a sociedade em que vive que se dá ao luxo de priorizar os direitos de animais em detrimento de outros seres humanos.

A “Cartilha do Politicamente Correto” não é um “costume” do brasileiro, não se trata de, como o Direito define, uma prática generalizada e reiterada que com o tempo acabou por se entender como obrigatória pela sociedade, resumindo, não é uma evolução natural e gradativa das vontades sociais, tratam-se na verdade, de regras impostas pelo Estado, muitas vezes conflitantes com a própria cultura do povo brasileiro e que induzem a uma padronização de comportamento; o que é um absurdo, principalmente quando consideramos a vastidão de nosso território e a riqueza e diferença cultural do brasileiro.

Ser politicamente correto nada mais é do que tratar o próximo, seja ele quem for, com respeito, e isso é o mínimo que qualquer cidadão bem intencionado poderia fazer, o problema começa a aparecer quando a coisa ganha proporções ridículas, como a tentativa de censurar a história do próprio país porque ela, aparentemente, não é politicamente correta, como aconteceu com os livros de Monteiro Lobato.

            Vivemos em um país democrático, como a própria morfologia da palavra sugere e nossa Constituição consolida, “Todo o poder emana do Povo”. Indiferente a isso, o Estado joga fora anualmente, milhões  de reais em campanhas muitas das vezes mal intencionadas e pouco a pouco tolhe nossos direitos individuais, tudo isso sob a proteção da busca pelo comportamento Politicamente Correto. E assim vamos nos tornando a sociedade perfeita. Perfeita para Eles.

            Por alguma razão, tal qual fizeram “grandes” nomes como, pela ordem alfabética: Adolf Hitler, Fidel Castro, Idi Amin Dada, Josef Stalin, Mao Tsé Tung, Muammar al-Gadafi, dentre tantos outros famosos ditadores, o Governo brasileiro também tem se empenhado bastante para desarmar o cidadão de bem. Cego ao fato de que nossa polícia é mal remunerada, mal equipada, mal treinada, por vezes corrupta e bastante ineficiente, em 2003 o Governo Federal, com o Estatuto do Desarmamento, tornou praticamente impossível, extremamente cara e burocrática a aquisição de uma arma de fogo por parte do cidadão de bem. Sim, pois o mal intencionado sempre pôde e do jeito que a coisa anda, por um bom tempo ainda poderá, adquirir toda a sorte de equipamentos bélicos. O Estatuto previa que dois anos depois fosse feita uma consulta popular para saber se o comércio de armas de fogo deveria ser proibido no Brasil. Como o brasileiro não é bobo, o resultado do Referendo foi uma vitória maciça no sentido de que não se deveria proibir o comércio de armas de fogo no país. Em uma gritante demonstração de desrespeito à democracia, de lá para cá, adquirir uma arma de fogo legalmente continua tendo os mesmos empecilhos, são gastos anualmente 10 milhões de reais em campanhas para que o cidadão abra mão de suas armas e milhares de armas deixaram as mãos de pessoas que jamais pretenderam machucar ninguém. Muitas dessas armas, apenas no final de 2012 foram 500, acabam parando, não sei se por incapacidade do Estado de defender a si mesmo ou se é a “boa” e velha corrupção, nas mãos de pessoas que usaram e estão usando-as para assaltar, estuprar e matar.  Desde a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento o número de homicídios de jovens aumentou em assustadores 580% no Brasil.

            Vivemos em um país onde os números da violência urbana superam em homicídios os números de países em guerra como Afeganistão e Iraque, e se igualam a nações africanas e caribenhas de regimes instáveis e precários, é uma guerra civil sem que tenha havido revolução, uma pesquisa realizada pelo Instituto Ibope no ano passado revelou que o número de paulistanos que tem medo de sair às ruas durante a noite mais que dobrou de um ano para o outro, medo que toma conta de mais de 40% dos moradores de São Paulo.

            Indiferente a tudo isso e ao fato de vivermos em um país desarmado, o Governo Federal investe uma nota preta - que o termo não ofenda  os politicamente corretos -  que poderia ser de fato usada  de maneira proveitosa, para tentar enganar a população, alegando que o cidadão brasileiro, aquele que cumpre com suas obrigações, paga seus impostos mesmo sabendo que não receberá a contraprestação do Estado, que segue a lei e se desdobra para sustentar a si mesmo e a sua família e consegue fazer isso com um sorriso no rosto apesar de ser roubado e desrespeitado não só pela gritante criminalidade que assola o país, como por seus próprios governantes, este mesmo brasileiro honesto e trabalhador é que será o responsável por trazer a violência para o nosso país, caso deseje possuir armas.

Em uma coisa as campanhas mal intencionadas do governo têm razão, o brasileiro é realmente “da Paz” e deve se orgulhar disso. Mas ser da paz não tem absolutamente nada a ver com usar ou não armas, e, principalmente, ser da paz não é ser covarde. Em uma perigosa inversão de valores, o cidadão de bem, que decide poder também ele próprio se DEFENDER e não apenas DEPENDER de uma polícia que não chegará a tempo, passa a ser taxado de criminoso caso deseje possuir armas, ao passo que os criminosos continuam adquirindo-as aos montes, e ainda por cima com a certeza de que eles possuem armas para enfrentar o cidadão, mas o cidadão não as possui para confrontá-los.
Se utilizando de atores e de mentiras, tentam nos convencer de que o manuseio de armas e a prática do tiro, que fazem sim parte da cultura do brasileiro, seja algo que devemos abominar.

O direito de possuir e portar armas vai muito além de situações extremas de enfrentamento, a prática do tiro é um esporte nobre, tanto é que está presente nos Jogos Olímpicos e possui, mesmo dentro das Olimpíadas, diversas modalidade diferentes, integrando até mesmo uma das provas do pentatlo moderno. O tiro é o único esporte olímpico que já teve campeões de 17 a 73 anos de idade.  O leitor talvez não saiba, mas muito provavelmente tem amigos ou conhecidos que são atiradores e/ou colecionadores de armas, pessoas de bem, que levam uma vida normal e tranquila, praticantes de um esporte que nos ensina a ter disciplina, calma, atenção e concentração,  e que ainda por cima nos torna aptos a nos defendermos e aos nossos, o que engloba não apenas a família mas a própria sociedade. Ladrão nenhum  se empolgaria em assaltar uma casa sabendo que em suas adjacências, os cidadãos estão armados e protegerão sua cidade.

O argumento de que uma população que possui armas torna a sociedade violenta não poderia estar mais distante da verdade; ainda se lembram da “sociedade ideal do politicamente correto “descrita acima? Infelizmente não se trata do Brasil, de fato, talvez ela nunca venha a existir, mas alguns países conseguiram atingir níveis de qualidade de vida que realmente se assemelham com aquela descrição. Existe um país onde para cada 100.000 habitantes, por ano são registradas apenas 26 tentativas de roubo e apenas 1 homicídio, em 99% dos casos sem que haja qualquer envolvimento de armas de fogo. Esse país é a Suíça, na realidade, os índices de crimes com armas de fogo são tão insignificantes na Suíça, que nem sequer existem estatísticas. A surpresa para alguns, pode morar no fato de que 100% das casas suíças possuem armas, na verdade é uma obrigação de todo suíço, ter e ser treinado para usar armas, de fato o Governo suíço fornece um fuzil e munições para todo homem suíço para o caso de emergências, além de subsidiar a venda de várias armas e armamentos, pesados inclusive.

Claro que não há que se fazer comparações entre a sociedade suíça e  a brasileira, e, cá entre nós, sou bem mais o meu Brasil, mas o exemplo nos prova que as armas nunca foram o problema da violência, de fato a Suiça nos mostra que uma sociedade pode ser armada até o dentes, e, ainda assim, ser absolutamente pacífica. Quem deve ter medo em uma sociedade como essa são alguns poucos aventureiros da criminalidade e o próprio Governo, que sabe que seu povo é também um exército.

Em sentido contrário, países que implantaram o desarmamento civil se mostraram fracassados no combate à criminalidade, o que se encontra amplamente demonstrado no livro do especialista e PhD John Lott, “Mais Armas, Menos Crimes”, no qual se evidencia o total equívoco em se tentar reduzir a criminalidade urbana através do desarmamento da população civil. Países como Austrália, Inglaterra, Portugal, França, dentre outros, experimentaram uma assustadora crescente nos índices de criminalidade após iniciarem políticas desarmamentistas, a ponto de já estarem revendo ou até mesmo de já terem revisto essas políticas, como é o caso da França.  Em 1977  o distrito de Washington nos EUA proibiu a venda de armas de fogo para civis, o que se seguiu foram 30 anos de uma crescente na criminalidade que só parou em 2007, quando a proibição foi derrubada  judicialmente e os dados do FBI apontaram em 2008 e 2009 redução de 10% ao ano daquela criminalidade. Para não deixar o Brasil de fora da dança, dados oficiais do Ministério da Justiça revelaram que a região Nordeste, que segundo a Policia Federal é a região do país com menos armas dentre a população, foi a que mais teve aumento da violência em 2011.  

Não somos um país de ignorantes e criminosos, não permita que o Estado te convença dessa mentira, se estamos cercados por criminosos ignorantes a culpa é do mesmo Governo que falhou miseravelmente em cumprir com suas funções básicas e agora quer te  convencer de que a culpa é sua e ainda por cima deixar a população sem meios para se defender de qualquer ameaça, seja ela feita à sua integridade física, de sua família, à sua propriedade ou à própria Democracia.

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A Campanha do Desarmamento civil é tão mal intencionada que vai de encontro a própria Lei brasileira. Nossa Legislação assegura a TODOS o direito à legitima defesa, que no artigo 25 do Código Penal se traduz na possibilidade de qualquer pessoa  poder repelir à altura, utilizando-se dos meios necessários, injusta agressão intentada contra nós mesmos ou contra terceiros. Também o Código de Processo Penal em seu artigo 301 dá o direito a qualquer um do povo (a polícia tem o dever) de realizar a prisão de quem quer se encontre em flagrante delito.  Fica claro que nossos legisladores, cientes de que o Estado não pode estar presente em todos os lugares zelando por todos,  se preocuparam em garantir ao povo brasileiro seu direito de se defender quando ameaçado e de cuidar ele mesmo da segurança de sua nação, quando se perceber apto para tal. Por LEI temos o direito de nos defendermos de quem quer que seja e por lei temos o direito de fazê-lo utilizando-nos dos meios necessários e proporcionais à agressão, temos também o direito de prender quem quer que seja que esteja descumprindo a lei,  e, para a efetivação desses direitos o Estado deve permitir ao seu povo que tenha as ferramentas necessárias, as armas. Se formos impedidos de possuir armas, não é apenas o direito a elas que estará sendo cerceado, junto com ele perderemos o direito à legitima defesa proporcional e jamais seremos capazes de zelar pela paz, aos poucos vamos perdendo nossa liberdade, jamais estaremos nos tornando livres abrindo mão de nossos direitos.

As mesmas armas usadas pelos tiranos para oprimir, combateram a tirania, garantiram e garantem até hoje a liberdade. Um martelo tem o poder de criar e ao mesmo tempo de destruir, mas nunca se tratará do martelo e sim de quem o empunha. Estamos permitindo que os maus empunhem armas e estamos desarmando os bons, o resultado disso é obvio e pode ser observado em todos os lugares.

Seja crítico, atitudes valem mais do que palavras,  observando a conduta de nossos governantes com relação ao nosso povo e nosso país,  podemos sentir segurança para acreditar no que dizem? Há uma máxima americana bastante verdadeira que prega que “as armas possuem apenas dois inimigos: Ferrugem e Políticos”. Em ambos os casos, o problema parece ser a falta de óleo, seja lubrificante ou de peroba.


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