Eles já formavam um casal de idosos. O tempo passou, os anos foram se multiplicando, mas o amor não acabou. Criaram os filhos sempre unidos, tinham o costume de caminhar de mãos dadas, conversando sobre o dia, os problemas, os momentos alegres, as músicas inesquecíveis que marcaram época e que os jovens ainda escutavam. Tinham uma economia estável, não ganhavam muito mas tinham conforto. A beleza daquela união de idosos era a cumplicidade de atos e ideias que partilhavam. Ela estava um pouco esquecida, ele tinha frequentes dores de cabeça.<
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Um dia ele passou por exames médicos e foi constatado um tumor cerebral em estado adiantado. Se não passasse por uma cirurgia de alto risco sofreria de uma forma inimaginável com dores, perda de equilíbrio, ausência e outros males que fariam dele um ser em estado quase vegetativo em poucos meses. Ao sair do consultório, os dois caminharam lentamente pela calçada. Ela apertava carinhosamente a mão dele que parecia caminhar já com um pouco de dificuldade.
A noite estava estrelada e a lua se exibia de forma quase insinuante. Ele abriu uma garrafa de vinho, ela pegou as taças, deixaram o vinho descansar, sentiram o buquê, devagar degustaram. Ele colocou um cd no home theater e a convidou para dançar. Ela carinhosamente aninhou sua cabeça no ombro dele e pela última vez embalaram seus corpos naquela valsa.
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