Bugs 

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O computador e a vida muito se assemelham, o escritor Oscar Wilde disse que, a Vida imita a Arte, muito mais que a Arte imita a Vida, e parece que o computador e a vida querem se imitar, numa interessante competição. Quando ainda somos inocentes e receptivos, a vida se apresenta para nós em uma maravilha extasiante. Abrimos a porta de nossa casa e damos de cara com um céu de um azul espetacular, uma brisa que nos roça a pele que faz arrepiar, plantas de variadas cores, belos animais, amigos que nos cumprimentam e conosco brincam, construções mirabolantes, músicas inspiradoras..., enfim, passando a nítida impressão da verdadeira perfeição. Passados alguns anos, para uns mais, para outros menos, nos deparamos com os primeiros bugs, um acidente, uma morte, uma doença, um desastre..., e começamos a duvidar daquela perfeição outrora sentida.

No computador algo semelhante ocorre, quando pegamos aquela máquina pela primeira vez, nos vêm a brilhante impressão de que estamos diante da mais perfeita criação humana, dizem ser um aparelho que faz cálculos em milésimos de segundos, programas dos mais variados, jogos espetaculares, planilhas que tudo calculam, editores de textos que nos completam e nos corrigem..., mas quando permanecemos por um tempo utilizando esta maravilha, para uns mais, para outros menos, nos deparamos com os primeiros bugs, a ponto de alguns terem vontade declarada de jogar o veículo informático fantástico pela janela mais próxima. Minha experiência foi traumática quando apareceu pela primeira vez, em uma tela azul do Windows 3.1 os dizeres erro fatal, tive a mais clara impressão de que estava não apenas perdido como também contaminado por alguma virtualidade virtual infecciosa.

Mesmo o príncipe Sidarta Gautama, o Buda, teve o seu bug, que para ele foi uma grande revelação, quando pela primeira vez que saiu de seu reino em que vivia confinado em uma vida tranquila e prazerosa, deu de cara com a doença, a velhice e a morte, fazendo deste acontecimento uma transformação existencial.

Não há como evitar os bugs, tanto os da vida como os do PC, eles sempre estarão lá, sempre nos surpreendendo e esses bugs têm o poder de nos transformar, para melhor ou para pior, dependendo da forma como respondemos a eles. Um bug, depois de passada a raiva e a dor, pode ser inspirador, pode nos levar a uma vida mais completa, mais sincera, mais verdadeira, podemos começar a avistar o verdadeiro sentido da vida, começarmos a nos iluminar, como nesta pequena estória que me foi contada:

O Mestre disse em certa ocasião a seus discípulos:

--- Calamidades trazem-nos, às vezes, a iluminação e o crescimento, e exemplificava com esta estória:

--- Uma árvore morta, no deserto, erguia para o céu seus galhos secos... Entre esses galhos vinha, cada dia, abrigar-se um pequeno passarinho. Certa vez, levantou-se um furacão que destruiu a árvore e seus galhos, reduzindo-a a pedaços sobre a areia. Isto forçou o pássaro, coitado, a partir e voar léguas e léguas até chegar, enfim, a uma floresta de galhos verdes, cheios de frutinhas...

E explicava a moral da estória assim:

--- Se o vento não tivesse destruído aquele arbusto seco do deserto, o pássaro jamais encontraria o paraíso verde da floresta!





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